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Como a comida me aproximou do meu propósito de vida

Criadora do projeto Comida do Amanhã conta como um desafio pessoal se tornou sua maior força

Atualizado em

Da arquitetura ao empoderamento por meio da comida, a história de Mônica Guerra da Rocha, fundadora do projeto Comida do Amanhã, não apenas tem um único ano divisor de águas, mas muitos deles. No início de 2017, abandonou o trabalho em uma organização internacional para buscar seu próprio sonho. Ou, como disse, ocupar seu espaço no mundo.

O conflito como um sinal

Desde os 16 anos, quando decidiu buscar forças para vencer a anorexia, até a criação da sua própria ONG – que, entre outras ações, busca informar de forma transparente questões relacionadas à alimentação saudável e também sustentável – Mônica conta que o ponto de partida para todas as mudanças foi perceber os sinais. Portuguesa e radicada no Brasil, ela acredita que a incerteza não é um mal, e que foi o seu maior portal de transformação.

Queria ter estudado Letras, apreciava a poesia. Como boa aluna, aceitou a orientação de uma outra carreira. Formou-se em arquitetura e acabou trabalhando em um escritório. “Eram madrugadas fazendo banheiros bonitos, trabalhando para os 3% mais ricos. Não via propósito no que estava fazendo“, conta. Mudou de foco e fez um mestrado em planejamento e gestão urbana, queria trabalhar para as pessoas na cidade.

No Brasil, fez um estágio nas Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Interessou-se por sustentabilidade. E, durante a Rio+20, entendeu que queria trabalhar mais pelo planeta e pelas pessoas. “Na prática, onde eu colocava mais meus valores era na minha relação com o alimento”, disse.

O click que faltava

Trabalhando com projetos em organizações do terceiro setor, Mônica via contradição em aspectos simples do dia a dia na sua rotina no escritório. “Copo de plástico, açúcar branco, era tudo incoerente com o que estava fazendo… Quando percebi isso, no final do ano passado, consegui dar a virada. Foi o click que eu precisava. A celebração da equipe foi em uma churrascaria, em um shopping center, e tudo aquilo não tinha nada a ver comigo”, relembra.

Ainda trabalhando em outras instituições, decidiu abraçar sozinha a realização de um evento sobre comida, do jeito que ela a via: sistêmica. Foi junto com o Museu do Amanhã que aconteceu o evento “O que vamos comer amanhã?”, em Outubro de 2016, e desse evento acabou nascendo a sua própria organização.”O evento não tinha pretensão de virar uma instituição. Era um encontro para sensibilizar. Mas o impacto foi tão grande e importante que, então, eu entendi tudo”, disse.

Ao colher os sinais plantados pela vida, Mônica teve clareza para tomar a decisão que faltava: pedir demissão e semear algo verdadeiro e fiel a seus valores. “Pensei que, talvez, o meu papel fosse o de acender essa luz. E, em janeiro, tomei essa decisão. Na virada para 2017 o Comida do Amanhã se institucionalizou, e agora, na virada para 2018, ele se fortalece em propósito e vira uma ONG“, concluiu.

Para isso, conta que precisou relativizar problemas e entendê-los como oportunidades para refazer o caminho. O que demandou, também, olhar com responsabilidade e de forma crítica para si mesma e entender qual é a sua própria missão. “Se estou sentindo que algo está me fazendo mal, vou sair para buscar o que me faz bem. Isso é importante para a gente viver com propósito. Dinheiro não traz felicidade, viver em propósito sim”, conclui.

Agente do próprio futuro

Assim como na sua batalha contra o transtorno alimentar – que deu origem a todo seu interesse por uma alimentação e um conhecimento capaz de empoderá-la sobre o seu próprio corpo – foi preciso, antes de mais nada, tornar-se o seu próprio agente de mudança.

“Quando me entendi dona da minha relação com a comida, eu me curei. A indústria impede de nos relacionarmos com o alimento – é a essência do ultraprocessado. Eu quero saber de onde vem, como foi feito. Respeitar meu corpo é resultado dessa relação.

A indústria impede de nos relacionarmos com o alimento – é a essência do ultraprocessado. Eu quero saber de onde vem, como foi feito. Respeitar meu corpo é resultado dessa relação.

Para mim, foi um salto quântico na relação comigo mesma e com o feminino, reconectar-me com a terra e com os elementos, é reconectar-me com a essência de ser mulher, e a comida é a ponte mais direta para isso acontecer”, completa.

Atualmente, o Comida do Amanhã se reforça como projeto onde se desenvolve conteúdo e se propõe um despertar de consciência de que todos podemos mudar o mundo e as nossas vidas, 3 vezes por dia, quando resignificamos a nossa relação com a comida. Através de palestras, oficinas e encontros para pensar, informar, debater e agir sobre o mundo através da comida, o objetivo é transformar e adubar positivamente o futuro. Para isso, busca engajar e influenciar pessoas em todo o país, quem sabe um dia, em todo o mundo “7 bilhões de pessoas, 3 vezes por dia. 21 bilhões de chances de mudar tudo, de fazer o futuro melhor”.

Sobre o passado, Mônica afirma que, em cada momento de crise, por pior que ele seja, sempre podemos tirar algumas lições. Trazendo da literatura a sua inspiração, cita Fernando Pessoa. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.”

Você encontra mais informações sobre o projeto no site oficial (https://www.comidadoamanha.org/).

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