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As 4 buscas do Yoga para resolver problemas na vida

Posturas são importantes, mas por uma razão que você não imagina

Atualizado em

Apesar de toda a atenção exagerada dada à parte física, de algum modo o Yoga preserva sua “aura” espiritual – uma aura de tranquilidade, de paz e, por que não dizer, uma aura zen. Isso é muito interessante, pois, na realidade, mesmo a parte física do Yoga aponta para o seu objetivo primordial que é, em essência, espiritual.

No princípio ninguém parecia ligar para as posturas

Quando o Yoga surgiu na Índia, há quase 8 mil anos (ou mais), ele era bem diferente do que conhecemos agora. Na verdade, ele surgiu de uma forma bem diferente de tudo que existe, pois é dito que nessa época o conhecimento do Yoga foi transmitido aos sábios do passado através de mantras que estes ouviam (ou captavam) em estado profundo de Meditação. Através dos séculos, o conhecimento foi surgindo dessa maneira, nos mantras recebidos pelos sábios pelo país afora e passado de forma oral, de mestre para discípulo, até ser catalogado e organizado pelo famoso Vyasa nos quatro Vedas – que são as escrituras sagradas mais antigas da história.

E sobre o que versava esse conhecimento exatamente? Sobre muitas coisas. A primeira parte de cada um destes Vedas tratava de histórias sobre a origem do universo, da própria raça humana – tudo narrado através de feitos e batalhas entre os devas (entidades benéficas) e os asuras (maléficas). Também tratava da conduta social e de preces e rituais para os mais variados fins – desde restabelecimento de saúde, até a obtenção de fortuna. Os yogis (praticantes de Yoga) dessa época pautavam sua vida por este conhecimento. É claro que eles faziam posturas (asanas), porém, elas não tinham nem de perto a importância que ganharam hoje. Até porque, o que faz do Yoga um estilo de vida eminentemente espiritual é a segunda parte de cada Veda. Aí é que a coisa começa a ficar interessante.

As 4 buscas do Yoga

No final de cada Veda estão localizadas as upanishads. Elas são diálogos entre mestre e discípulo acerca de um assunto muito particular – a real natureza do indivíduo. Isso pode parecer filosofia de botequim, talvez, mas na verdade essa questão é a forma de resolver todos os problemas da sua vida.

Como assim?

(Pausa dramática)

É simples (ou ao menos assim é que fazem parecer). Segundo os Vedas, o ser humano se vê como um buscador. E tudo que ele busca nessa vida pode ser resumido em quatro categorias.

A primeira busca é pela segurança. A sensação de estar protegido e amparado neste mundo selvagem e ameaçador. Cada um busca sua segurança em algo – dinheiro, poder, fama, na casa própria ou até no fato de não se ter nada.

A segunda busca é pelo prazer. Desde o comer um sorvete de chocolate, até o prazer em um relacionamento, tudo cai esta categoria.

E estas duas buscas gerenciam normalmente a vida das pessoas. Dinheiro e diversão, diversão e dinheiro. Quando não estamos atrás de um, estamos atrás de outro.

Existe uma terceira busca que norteia as outras duas, que é o Dharma. ou seja, os princípios éticos que permp que todos no planeta (que querem segurança e prazer) possam conviver.

Já a quarta busca… Para entendê-la, temos que olhar melhor para o porquê destas buscas todas existirem.

Do que estamos atrás ao perseguir dinheiro, casa, automóvel, viagem, poder, fama e os episódios de “Game of Thrones”? O que eles podem nos dar que não temos? Pode parecer que as respostas são muitas, pois cada pessoa parece querer algo diferente. Mas, na verdade, no fundo, todo mundo quer a mesma coisa: felicidade.

Mas, tem um problema aí – o qual o Yoga expõe com muita clareza e simplicidade – nenhuma dessas coisas (nada no mundo, na verdade) pode nos dar felicidade. E essa é a causa do sofrimento humano: procurar algo e não achar. Ou pior, às vezes achar, nas experiências de prazer e diversão, e sentir tudo se esgotar depois, obrigando você a tentar repetir a mesma experiência de novo e de novo.

Em algum ponto da estrada, no entanto, o sujeito percebe que essa busca é infrutífera. Que a mesma viagem que dá prazer, também pode dar uma boa dose de dor de cabeça. E, então, ele se pergunta: onde está a verdadeira felicidade? Se não está nas conquistas ou nas outras pessoas, onde estará?

Quem se pergunta isso, está apto a iniciar a quarta busca – a busca pela liberação do sofrimento, a busca pela capacidade de estar bem consigo mesmo em qualquer situação.

O real objetivo do Yoga está dentro de você

A melhor parte da história? As upanishads dizem que essa alegria está dentro de nós. Ou melhor – ela é nossa verdadeira natureza.

Desvendar essa natureza é o real objetivo do Yoga. Todas as práticas que são utilizadas nessa tradição – posturas, respirações, Meditações, mantras, rituais, etc. – servem a esse propósito. Todo o resto é efeito colateral.

Colocar isso em prática é moleza. Da próxima vez em que estiver no tapetinho, suando em alguma postura, reflita: de que modo isso está contribuindo para que eu conheça a mim mesmo?

Responder essa pergunta é entender que as posturas são, sim, importantes. Mas por uma razão que você nem imaginava.

Para continuar refletindo sobre o tema

No vídeo abaixo, Leandro Castello Branco, professor de Yoga e autor do artigo, fala mais sobre a relação entre Yoga e Espiritualidade. Confira!

Leandro Castello Branco

Leandro Castello Branco

Estuda Yoga desde 2001. Teve a oportunidade de viajar estudando com mestres, como Swami Dayananda Saraswati, o Dalai Lama, e o mestre zen Thich Nhat Hanh.

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