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Aprenda a aceitar o envelhecimento

Encare o espelho sem medo e desfrute o passar do tempo com saúde

Atualizado em

Quando mulheres conversam sobre crianças, são muito comuns as observações do tipo: “Eu adoro a fase que eles mamam!”, “Que coisa linda é observar uma criança aprendendo a falar!”, “Como é gostoso quando eles começam ir pra escola e ter seus amiguinhos!” Estas falas nos mostram com que naturalidade observamos as fases de desenvolvimento de uma criança, olhando com amor e compreensão para cada uma delas.

à medida que envelhecemos, incorporamos os desafios e aprendizados das fases anteriores, nos tornando pessoas melhores e mais preparadas para cumprir os objetivos da fase seguinte.

Embora ninguém espere que uma criança interrompa seu desenvolvimento ou volte fases, à medida que crescemos temos a tendência a fechar os olhos para as fases que continuam a se suceder depois que chegamos à vida adulta. E somos convidadas diariamente a interromper nosso desenvolvimento, parar o tempo e até retrocedê-lo!

Vários estudos, no entanto, têm focado as diferentes fases da vida adulta e do envelhecimento, trazendo para nós a beleza, as conquistas e os desafios de cada uma delas. Para a terapia biográfica, por exemplo, baseada nos princípios da Antroposofia, tão importante quanto o primeiro setênio, de 0 a 7 anos, é o décimo, de 63 a 70 anos, cada um deles com seus encantos e desafios. E à medida que envelhecemos, incorporamos os desafios e aprendizados das fases anteriores, nos tornando pessoas melhores e mais preparadas para cumprir os objetivos da fase seguinte.

A beleza de cada fase

Quanta beleza existe na mulher jovem e inexperiente se entregando às descobertas da maternidade, das relações amorosas, da iniciação ao sexo, da vida profissional! E como é bonito observar uma mulher independente e segura em sua fase madura, com os filhos já crescidos, a vida profissional estabilizada, buscando fazer suas contribuições únicas a um mundo que já lhe deu tanto até aquele momento! Quanto de emoção pode despertar uma mulher de 70 ou 80 anos entusiasmada em aprender como as ferramentas virtuais podem facilitar sua vida, ou apaixonada e envolvida por novos relacionamentos afetivos, com netos, bisnetos ou novos companheiros!

Por outro lado, também é interessante observar quanto há de cultural na maneira de olharmos para o envelhecimento. Mesmo quando queremos acreditar que envelhecer é sinônimo de amadurecer com sabedoria e serenidade, que podemos viver plenamente, sabendo aproveitar cada fase da vida com saúde e alegria, a pressão social tem dificultado isso.

Enquanto na sociedade industrializada é comum que as mulheres escondam suas idades, como se o passar dos anos fosse um motivo de vergonha, existem recantos isolados do mundo onde envelhecer é motivo de orgulho. Nestas comunidades as mulheres às vezes também mentem a idade… Mas, nesse caso, para mais!

A velhice é tão valorizada entre os povos mais longevos do mundo- incluindo os abecássios, povo que vive nas montanhas do Cáucaso; os hunza, no Paquistão; os habitantes do vale de Vilcabamba, no Equador; e os Okinawanos, no Japão – que os idosos destes lugares insistem em aumentar sua idade. O que motivaria isso?

Nestas comunidades as pessoas mais velhas são as mais respeitadas e os filhos brigam entre si para decidir quem terá o direito de ter seus pais morando consigo. Os idosos são tratados com carinho e admiração. Todos envelhecem sabendo que o passar dos anos lhes confere valor e status social.

Encontro sincero com o espelho

No livro Saudável aos cem anos (editora Fontanar, 324 páginas) o autor John Robbins afirma: Os abecássios esperam ter uma vida longa e útil e anseiam pela velhice por um bom motivo. Numa cultura que valoriza tanto a continuidade de suas tradições, os idosos são indispensáveis. Eles nunca são considerados ? ou percebidos ? como fardos. Muito pelo contrário, são as riquezas mais valorizadas pela sociedade. Um provérbio abecássio repetido com frequência é: “Além de Deus, precisamos dos idosos”.

Então, que tal um encontro sincero hoje com o espelho? Mas não só o espelho físico, que mostra os sinais do tempo, mas também um espelho emocional, afetivo, profissional? Que tal um balanço geral onde você relaciona suas conquistas, vitórias e seus aprendizados? E que tal olhar pra pessoas que você admira e são mais velhas que você, que já alcançaram fases que você espera viver e observar a beleza por elas conquistada?

Parece que o caminho para usufruirmos das vantagens do envelhecimento e vivenciá-lo com alegria, começa com um olhar diferente para os nossos idosos. E continua num olhar-se com amor, com carinho, com cuidado que leva você a sentir o delicioso sabor de verdadeiramente envelhecer com alegria!

Katia Leite

Katia Leite

Com formação universitária em Naturologia, dedica-se a atendimentos individuais e em grupo em São Paulo. Busca nos elementos da natureza os instrumentos que ajudam a manter e recuperar a saúde.

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