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A arte de falar em público

No filme O Discurso do Rei a amizade ensina mais que a técnica

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Quando desejamos desenvolver uma nova habilidade, treinar com afinco pode não ser o suficiente. Muitas vezes a diferença entre triunfar e fracassar está no fato de termos suporte contínuo, que nos apóie e corrija possíveis falhas no desempenho. Essa premissa está muito bem demonstrada no filme “O Discurso do Rei”, que estreou dia 11 de fevereiro no Brasil, dirigido por Tom Hooper, com Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter nos papeis principais.

No filme, o excelente Colin Firth desponta como o favorito ao Oscar em sua categoria. Ele interpreta o duque de York – o segundo na linha sucessória ao trono da Inglaterra – e é gago. Apesar de ter sido forjado para ser o monarca, tanto quanto seu irmão primogênito, ele vê essa possibilidade de forma distante devido aos seus medos e bloqueio na fala, que o impedia de ser um orador ao menos satisfatório.

Após tentar vários métodos, com diferentes especialistas em oratória, e desistir por total ausência de avanços, o duque vai parar num porão, numa região não sofisticada de Londres, por influência de sua esposa (Bonham Carter) para ver um profissional um tanto excêntrico na arte de educar: Lionel Logue (o infalível Geoffrey Rush). A distância que os separa inicialmente é a mesma que separa qualquer mortal de um futuro rei. Mas com a visão muito especial de Lionel acerca do processo que ele oferta como um serviço ao Duque, as barreiras entre treinando e treinador vão caindo por terra.

O Duque avança de forma lenta, mas consistente. O trunfo de Lionel não é a ortodoxia de seu método de ensino, tampouco sua técnica afiada, mas sim o seu apoio constante, sua mão estendida, sem ser condescendente em qualquer momento. Ele é generoso em seu suporte e exigente em seus critérios. Usa de muito humor também, o que torna o desenvolvimento do futuro rei mais leve, menos formal e faz surgir nele maior espontaneidade – fator decisivo na arte de falar em público.

Lionel parece entender que quando buscamos crescer numa área difícil para nós, as recaídas fazem parte do caminho, e não podem constituir impedimento para continuarmos. “O crescimento se dá em ondas”, como bem explicou o maior treinador americano em falar em público, Dale Carnegie (que como Lionel era um aspirante a ator, também frustrado). A semelhança entre o método e a verve de Dale Carnegie e do personagem é indiscutível bem como a imensa habilidade em lidar com pessoas.

Quando o duque assume o reinado, ele e Lionel transformam seu trabalho juntos numa amizade que duraria pelo resto da vida de ambos. E por certo essa amizade, para um homem poderoso e solitário como o rei George VI, é a maior mestra de todas. O filme é o campeão de indicações ao Oscar do ano, com 12, inclusive melhor filme e diretor.

Carla Panisset

Carla Panisset

Especialista em Aumento de Performance Profissional e transição de carreira. Treinadora, Comunicóloga e Relações Públicas. Já treinou mais de 1.000 líderes e profissionais brasileiros, tendo 25 anos de carreira. Facilitadora de Biodanza® Sistema Rolando Toro (em formação).

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